Câncer de Endométrio
O câncer de endométrio é a décima quinta causa de câncer no mundo com aproximadamente 382.069 casos novos. Nos Estados Unidos é quarta causa de câncer mais comum entre as mulheres. No brasil, o Inca estima para o ano 2019, 6.600 novos casos. O útero é um órgão oco, ímpar e mediano, emergindo do centro do períneo, para o interior da cavidade pélvica. Está situado entre a bexiga e o reto. A função principal é receber o óvulo fertilizado e dando condições para seu desenvolvimento. Com o início da menopausa o útero diminui de tamanho e perde seu tônus muscular. O câncer de endométrio acomete mulheres pós menopausadas após os 60 anos de idade. Porém pode ocorrer em mulheres pré menopausadas (20 % dos casos) e uma pequena parcela de mulheres (5%) abaixo dos 40 anos de idade.

Figura - Anatomia sistema genital feminino
Fatores de Risco:
Sinais e Sintomas:
Diagnóstico e investigação:

Figura - Câncer de endométrio

Figura - Exame físico e toque vaginal

Figura - Ultrassom trnasvaginal
Figura - Histeroscopia Cirúrgica
Patologia:
O adenocarcinoma endometrióide é o mais comum em cerca de 80% dos casos. Porém outros subtipos podem ocorrer como o adenocarcinoma seroso-papilífero, células claras, mucinoso e carcinossarcoma.
Estadiamento:
Exames de sangue em geral incluindo marcador tumoral Ca 125, Tomografías de tórax, abdome superior e ressonância de pelve. A depender das suspeitas de invasão tumoral em bexiga e reto, pode ser solicitado cistoscopia e colonoscopia/retossigmoidoscopia.
Tratamento:
Com intenção curativa, realiza-se a Histerectomia total com anexectomia bilateral podendo estar associada ou não com linfadenectomia pélvica ou retroperitoneal, pela técnica aberta, videolaparoscópica ou robô assistida. Como 5% dos casos ocorrem em mulheres abaixo de 40 anos, caso haja desejo de fertilidade, em casos selecionados e iniciais, sem invasão de miométrio, pode ser considerado o uso de progestágenos e acompanhamento rigoroso. A radioterapia / braquiterapia e quimioterapia são tratamentos complementares à cirurgia e a quimioterapia adjuvante é utilizada em casos de alto risco e risco intermediário para recorrência, com associação de paltina e taxanos. Pacientes com doença avançada metastática e com receptor hormonal positivo pode ser considerado hormonioterapia com progestágenos.

Figura - Histerectomia videolaparoscopica
Seguimento:
Contínuo e no retorno solicitamos exame de sangue com marcadores, exames de imagem em intervalos pré determinados, associados ao exame físico.
Sarcomas Uterinos
São neoplasias da linhagem mesenquimal, correspondendo 5% das neoplasias uterinas, alguns poucos pacientes com histórico de radioterapia pélvica prévia. Menos de 1% das histerectomias realizadas por miomatose uterina podem conter um foco de sarcoma uterino.

Figura - Mioma Uterino
Patologia:
Os subtipos histológicos mais comuns são os leiomiossarcomas (aproximadamente 60%) e os sarcomas estromais endometriais (20%). Os subtipos menos comuns são adenossarcomas, sarcomas heterólogos puros e outras variantes.

Figura - Miomatose uterina
Sinais e sintomas:
Diagnóstico e estadiamento:
Exame físico cuidadoso. A biópsia com histeroscopia, dilatação e curetagem do endométrio, ou ambas, são essenciais para fornecer confirmação patológica da doença. Exames de diagnóstico, incluindo tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM), devem ser realizados.
Tratamento:
A excisão cirúrgica é o único tratamento de valor curativo, histerectomia. Não há indicação de linfadenectomia pelvica de princípio, apenas em casos suspeitos de metástase linfonodal. Pacientes jovens com leiomiossarcoma podem ser mantidos os ovários. Sarcomas estromais necessitam obrigatoriamente da retirada dos ovários.

Figura - Histerectomia total aberta
A radioterapia pélvica tem um papel no controle local do tumor, mas devido à propensão dos sarcomas uterinos para a disseminação hematogênica precoce, esse tratamento não altera sobrevida. Os leiomiossarcomas geralmente não respondem à radioterapia.

Figura - Aparelho de radioterapia
A combinação de gemcitabina e docetaxel é padrão de tratamento para leiomiossarcoma avançado ou recorrente. A cisplatina, doxorrubicina e a ifosfamida também mostraram atividade no leiomiossarcoma, assim como em outros sarcomas uterinos.
A terapia hormonal é o tratamento de escolha para o sarcoma do estroma endometrial avançado ou recorrente.
Seguimento:
Contínuo em intervalo pré determinados, realizado exame físico, rotina ginecológica e solicitando exames de imagem.
Câncer de Colo Uterino
De acordo com a agência internacional de pesquisa em câncer (IARC) é estimado para o ano de 2019, 569.847 casos novos, com mortalidade de aproximadamente 311.365 casos. No Brasil o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que o ano de 2019, sejam diagnosticados 16.370 novos casos de câncer de colo do útero. É diagnosticado em mulheres com idade entre 35 e 44 anos. Raramente desenvolve em mulheres com menos de 20 anos.

Figura - Câncer de colo uterino
Anatomia
O útero é um órgão em forma de pêra invertida, localizado na pélvica. Recebe as tubas uterinas e se continua com a vagina, formando um ângulo de 90 graus. O colo do útero apresenta forma cilíndrica, com comprimento em geral de 3 cm. Em sua extremidade superior tem continuidade com o útero. A extremidade inferior, cônica, termina fazendo protrusão na porção superior da vagina (porção vaginal do colo). As células que cobrem o colo do útero são as células escamosas, na exocérvice e as células glandulares, na endocérvice. O local onde estes dois tipos de células se encontram é denominada zona de transformação, e onde a maioria dos cânceres de colo de útero se origina.

Figura - Anatomia útero
Fatores de risco
É considerada uma doença sexualmente transmissível. Foi o primeiro tumor sólido a ser ligado ao papilomavírus humano (HPV), especificamente os tipos 16 e 18. Outros fatores de risco incluem idade precoce na primeira relação sexual, múltiplos parceiros sexuais, multiparidade, tabagismo e outros comportamentos associados à exposição ao HPV. Metade das mulheres com diagnóstico recente de câncer invasivo do colo do útero não realizaram o rastreamento adequado do câncer do colo do útero, e aproximadamente 40% das mulheres recém-diagnosticadas nunca fizeram o exame de Papanicolau.

Figura - Vírus HPV
Prevenção ao câncer de colo de útero
A prevenção está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo Papilomavírus Humano (HPV). O uso de preservativos (camisinha masculina ou feminina) durante a relação sexual protege parcialmente do contágio pelo HPV, que também pode ocorrer pelo contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal.
No Brasil, a vacina contra o HPV é oferecida gratuitamente pelo SUS seguindo o esquema de 2 doses, com intervalo de 6 meses, sendo disponibilizada para:

Figura - Vacina contra o HPV
OBS: Nas clínicas particulares, encontram-se disponíveis três tipos: bivalente (protege contra os subtipos 18 e 16), tetravalente (contra os subtipos 6, 11, 16 e 18) e a nonavalente (contra subtipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58). As indicações são: Meninas e mulheres entre 9 e 45 anos de idade. Meninos e homens entre 9 e 26 anos de idade.
Rastreamento
A detecção precoce é uma estratégia importante para encontrar o tumor na fase inicial. Nesta fase pré-clínica, a detecção de lesões precursoras pode ser feita através do exame preventivo (Papanicolaou). Quando diagnosticado na fase inicial, as chances de cura são de 100%. A doença é silenciosa em seu início e sinais e sintomas como sangramento vaginal, corrimento e dor aparecem em fases mais avançadas da doença. O exame preventivo do câncer do colo do útero (Papanicolau) pode ser feito em postos ou unidades de saúde da rede pública que tenham profissionais capacitados. O exame preventivo é indolor, simples e rápido. Para garantir um resultado correto, a mulher não deve ter relações sexuais (mesmo com camisinha) no dia anterior ao exame; evitar também o uso de duchas, medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais, 48 horas antes do exame. É importante também que não esteja menstruada, porque a presença de sangue pode alterar o resultado. Mulheres grávidas podem realizar o exame, sem prejuízo para sua saúde e a do bebê.

Figura - Papanicolau
Indicação do exame de rastreamento
Toda mulher que tem ou já teve vida sexual e que estão entre 25 e 64 anos de idade repetidos anualmente por 2 anos. Se os resultados estiverem normais, sua repetição só será necessária após três anos.
Biópsias
Confirmado as alterações no papanicolau há necessidade de biópsia para confirmar as alterações. Existem vários tipos de biópsias que podem ser utilizadas para diagnosticar lesões pré-cancerosas e câncer de colo do útero:

Figura - Curetagem endocervical

Figura - Conização (CAF)

Figura - Conização (cone clássico)
Resultado da biópsia
Lesões pré-cancerosas são denominadas de Neoplasia Intraepitelial do Colo do útero (NIC), nos graus I, II e III. Para relatar a presença de câncer utilizado os termos carcinoma de células escamosas e adenocarcinoma.
Estadiamento
O estadiamento oferece informações sobre o câncer como por exemplo, sua localização, sua extensão, se está afetando as funções de outros órgãos do corpo. Conhecer o estágio do tumor ajuda na definição do tipo de tratamento e prevê o prognóstico do paciente. Obedece tanto o sistema FIGO (International Federation of Gynecology and Obstetrics) e o sistema TNM da AJCC (American Joint Committee on Cancer). Baseia-se em exame físico completo e partir daí a necessidade exames de imagem (Rx ou tomografia de tórax, tomografia de abdome, ressonância da pelve), cistoscopia, retossigmoidoscopia.
Tratamento
A depender do resultado da biópsia e do estadiamento, o tratamento pode variar da conização, traquelectomia, histerectomia simples, histerectomia radical com linfadenectomía pélvica, radioterapia e quimioterapia.

Figura - Traquelectomia

Figura - Histerectomia

Figura - Cirurgia Wertheim-Meigs (Histerectomía radical + linfadenectomía pélvica)

Figura - Exemplo de braquiterapia intracavitária
Tratamento
É contínuo em intervalos pré determinados sendo que no retorno solicita-se exames de imagem e realiza-se exame físico.
Câncer de Vagina
Neoplasia rara, correspondendo 1 – 2 % das neoplasias do trato genital inferior. Acomete mulheres entre 65-70 anos de idade e o tipo histológico mais comum é o carcinoma epidermóide (85%), sendo o adenocarcinoma o segundo tipo mais comum.

Figura - Câncer de vagina
Fatores de risco
Infecção pelo HPV, inflamação crônica, exposição a radioterapia.

Figura - Vírus do HPV
Achados clínicos
Sangramento vaginal indolor e corrimento vaginal são os principais sintomas associados ao câncer vaginal. Sintomas urinários baixos, tenesmo ( sensação dolorosa na bexiga/ânus, com desejo contínuo, por vezes inútil, de urinar ou de evacuar) e dor pélvica são geralmente indicativos de doença localmente avançada. As lesões estão localizadas principalmente no terço superior da vagina na parede posterior. Lesões ulceradas geralmente são observadas em casos avançados.
Estadiamento
Desde o exame físico completo, associado a colposcopia. Exames de imagem como tomografia de tórax, abdome superior e ressonância de pelve são necessários para determinar a extensão da lesão. Pode ser necessário cistoscopia e retossigmoidoscopia para avaliação.
Tratamento
Em geral é indicado radioterapia associada à braquiterapia, radioquimioterapia concomitante e em algumas situações histerectomia radical com linfadenectomia pélvica. Nos casos muito iniciais pode ser realizado excisão local ou até mesmo tratamento tópico com 5-FU tópico ou imiquimod.
Seguimento
Contínuo em intervalos pré determinados sendo que no retorno solicitamos exames de imagem e realizamos exame físico.
Câncer de Vulva
O câncer de vulva é responsável por 3% a 5% das neoplasias ginecológicas. Baseada nas estatísticas americanas, haja vista que o INCA não dispõe dados referente a esta patologia, estima-se 6.000 novos casos são diagnosticados anualmente nos Estados Unidos. A maioria dos casos são lesões solitárias que ocorrem em mulheres na fase pós-menopausa, associados à distrofia vulvar crônica. Recentemente, um subconjunto de tumores foi identificado em uma população mais jovem; esses tumores tendem a ser multifocais e estão associados à infecção pelo HPV.

Figura - Câncer de vulva
Anatomia
A vulva é a parte externa da genitália feminina, incluindo a abertura da vagina (intróito vaginal) , os grandes lábios, os pequenos lábios e o clitóris. Externamente é revestida por pelos pubianos.

Figura - Anatomia da vulva
Fatores de risco
Incluem infecção pelo HPV, idade avançada, baixo estado socioeconômico, hipertensão, diabetes mellitus, histórico de tratamento para neoplasias do trato genital inferior (por exemplo câncer de colo uterino) e imunossupressão.

Figura - Vírus do HPV
Tipos histológicos - Podem ser os seguintes tipos:
Sinais e sintomas
Prurido crônico (coceira), ulcerações, nodulações vulvares e sangramentos são os sintomas mais comuns. As Lesões podem ocorrer nos grandes lábios (30-50%), pequenos lábios (20-30%), clitóris (10- 20%) e períneo (10-15%). Múltiplas lesões ocorrem com menos frequência. As lesões podem aparecer como uma massa dominante, área de verrugas, área ulcerada ou epitélio branco espessado.

Figura - Câncer de vulva
Diagnóstico
Na suspeita deve-se realizar biópsia sob anestesia local. Posteriormente deve ser solicitados exames de imagem como radiografia de tórax, tomografias ou ressonâncias, exame de sangue e nos casos de melanoma, pode ser considerado o Pet ct.
Tratamento
Baseia-se no tratamento cirúrgico com margens cirúrgicas adequadas. Desde a ressecção ampla da lesão para lesões pequenas, até as conhecidas vulvectomias. As margens cirúrgicas de segurança são de 2 cm ao redor da lesão. Pode ser realizado biópsia de linfonodo sentinela para lesões abaixo de 4 cm. Nos casos com linfonodos inguinais clinicamente positivos ou com linfonodo sentinela positivo, realiza-se a linfadenectomia inguino-femoral. A radioterapia tem papel complementar à cirurgia em casos selecionados, podendo ser associado a quimioterapia concomitante. A radioterapia isolada ou associada a quimioterapia de forma exclusiva pode ser indicada para pacientes não candidatos ao tratamento cirúrgico.

Figura - Tratamento cirúrgico

Figura - Linfonodos inguinais - linfadenectomia
Seguimento
Contínuo com intervalos pré determinados sendo que no retorno, solicitamos exames de imagem e realizamos o exame físico.
Câncer de Ovário (Tumores Epiteliais)
Ocorre numa frequência de 1 em 70 mulheres nos Estados Unidos. É responsável por 23% dos tumores ginecológicos, bem como pela morte de 47 % das mulheres portadoras de câncer de trato genital. Aproximadamente 10% desses casos são hereditários e são transmitidos de geração em geração. As síndromes hereditárias do câncer mama-ovário (mutações BRCA-1 e BRCA-2) e a síndrome de Lynch são exemplos de câncer de ovário hereditário.

Figura - Câncer de Ovário (Fonte Mayo-Clinic)
Anatomia
São as glândulas reprodutivas. Produzem os óvulos, que quando fecundados pelo espermatozóide, são transportados para cavidade uterina, iniciando o desenvolvimento do feto. Os ovários, também, produzem os hormônios femininos (estrogênio e progesterona). Histologicamente, apresentam três tipos principais de células:

Figura - Ovário histologia
Fatores de risco
O principais fatores de risco são: idade elevada, nuliparidade, menarca precoce, menopausa tardia, procriação tardia e ascendência judaica Ashkenazi.
Tipos histológicos - Podem ser os seguintes tipos:
O adenocarcinoma seroso é o mais frequente (75%), endometrióide e células claras em seguida (10% dos casos cada um) e o mucinoso com 3% dos casos, demais subtipos (indiferenciados, carcinossarcomas, não classificados, etc.) correspondem 2 % dos casos.
Sinais e sintomas
O diagnóstico é muitas vezes tardio devido à falta de sintomas específicos; sintomas inespecíficos incluem problemas urinários e dores abdominais persistentes. Em cerca 70% dos casos o diagnóstico é feito nos estágios mais avançados. Pacientes com doença em estágio IV e derrames pleurais malignos podem apresentar tosse ou falta de ar. Uma massa anexial, sentida no exame físico de rotina associado com ascite, são frequentemente encontradas em pacientes com câncer de ovário epitelial em estágio mais avançado. Não se pode esquecer que massas ovarianas podem , na verdade, corresponder a metástases de outros sítios anatômicos, como câncer de mama, tumores do trato gastrintestinal, além de outros tumores primários do sistema genital. Isso pode ocorrer entre 5-30 % dos casos.

Figura - Câncer de ovário estágios III e IV (Fonte Mayo-clinic)
Diagnóstico e estadiamento
Não se pode realizar biópsias de massas supostamente ovarianas devido risco de disseminação tumoral e mudança de estadiamento. Solicitamos exames de sangue em geral, marcador ca 125, rx de tórax, mamografia, tomografia e ressonância de abdome, colonoscopia.

Figura - Tomografia: Massa anexial
Tratamento
A etapa mais importante do tratamento é a citorredução cirúrgica com procedimentos adequados de estadiamento intraoperatório, incluindo análise citológica do líquido ascítico, exploração cuidadosa de todas as estruturas e superfícies abdominais, histerectomia abdominal total e salpingooforectomia bilateral, omentectomia e coleta seletiva de linfonodos pélvicos e paraaórticos. Pacientes com tumor mucinoso de ovário ou com envolvimento do apêndice vermiforme, a apendicectomia deve ser realizada. A citorredução primária é um componente chave em casos avançados, porque a sobrevida está relacionada com a quantidade de doença residual remanescente. Em casos selecionados, em pacientes com volume tumoral grande com impossibilidade de realizar uma citorredução adequada, pode ser indicado quimioterapia neoadjuvante com citorredução de intervalo. Após a cirurgia, em geral indica-se quimioterapia combinada com platina e taxanos.

Figura - Citorredução para câncer de ovário
Seguimento
É contínuo sendo que no retorno realizamos exame físico e solicitamos exames de imagem e marcadores tumorais.
Tumores de Ovário de Baixo Potencial Maligno (Tumores Borderline)
Correspondem 10-20% dos tumores epiteliais malignos. Geralmente acomete mulheres brancas, com a idade variando entre 30 e 40 anos de idade. Nenhum fator de risco foi identificado. A gravidez e os hormônios exógenos não parecem ter ação protetora. Não há associação aparente com a história familiar. São em geral dos subtipos seroso e mucinoso.

Figura - Câncer de ovário
Sinais e Sintomas
Inespecíficos, alguns sintomas são bem semelhantes aos encontrados nos tumores epiteliais de ovário. Também podem se manifestar como achado de massa pélvica à esclarecer. Os exames de imagem para elucidação diagnóstica e estadiamento são os mesmos descritos acima.
Tratamento
Diferentemente do câncer epitelial invasivo, a maioria dos pacientes são diagnosticados com doença em estágio inicial. O tratamento recomendado é a cirurgia. Mulheres sem prole constituída podem ser submetidas a procedimentos menores, mantendo a fertilidade. Não há benefício de quimioterapia nesses tipos de tumores. A citorredução secundária pode ser considerada em pacientes selecionados com doença recorrente.

Figura - Citorredução
Tumores de Células Germinativas do Ovário
O tumor de células germinativas é o segundo tipo mais comum de tumor ovariano. A idade média ao diagnóstico é 20 anos e raramente ocorrem após a terceira década de vida. Cerca de sessenta a 75% dos casos são estágio inicial ao diagnóstico.
Tipos histológicos:
Disgerminoma, carcinoma embrionário, poliembrioma, teratoma (imaturo; maduro; maduro com carcinoma), diferenciação extra-embrionária (coriocarcinoma; tumor do seio endodérmico).
Sinais e sintomas
Levanta-se a suspeita ao encontrar massa abdominal palpável em uma mulher jovem com queixa de dor abdominal. Os sintomas mais observados nestes tipos de tumores são: dor abdominal aguda, dor abdominal crônica, massa abdominal assintomática, sangramento vaginal anormal, distensão abdominal.
Diagnóstico e estadiamento
Exame físico cuidadoso, exames de imagem como radiografia de tórax, tomografias e ressonâncias. Marcadores séricos, incluindo α-fetoproteína, β-gonadotrofina coriônica humana (β-hCG) e desidrogenase lática, devem ser solicitados.

Figura - Massa ovariana em tomografia de abdome
Tratamento
A cirurgia conservadora é padrão em todos os estágios de todos os tumores de células germinativas, devido a eficácia da quimioterapia mesmo nos casos avançados. Realiza-se laparotomia com inventário minucioso e biópsia de todas as áreas suspeitas, com citorredução limitada, omentectomia, amostragem linfonodal retroperitoneal e pélvica, evitando assim grande morbidade. O útero e o ovário contralateral devem ser preservados. Pacientes com doença avançada podem se beneficiar de 3 a 4 ciclos de quimioterapia neoadjuvante usando BEP (bleomicina, etoposide, cisplatina) com preservação da fertilidade. Pacientes que recebem cirurgia conservadora com a preservação de um ovário mantêm taxas aceitáveis de fertilidade apesar quimioterapia adjuvante.

Figura - Salpingooforectomia
Seguimento
É contínuo sendo que no retorno solicitamos, exames de imagem, marcadores e realizamos exame físico.
Tumores Derivados do Cordão Sexual - Estroma
São responsáveis por 5% a 8% das neoplasias ovarianas. Ocorrência antes da menarca é frequentemente associada à puberdade precoce.
Tipos histológicos
Estes tumores são derivados de cordões sexuais ou do estroma, incluindo células da granulosa, células da teca, células do estroma, células de Sertoli, células de Leydig.
Apresentação clínica:
Diagnóstico e estadiamento
Exame físico cuidadoso associado a exames de imagem como radiografia de tórax e mamografia. Exames de sangue ( estradiol, dehidroepiandrosterona, testosterona, 17-OH-progesterona e hidrocortisona). A TC e a ultrassonografia devem ser realizadas para avaliar as glândulas supra-renais e os ovários.
Tratamento
Em geral, pode ser realizado salpingo-ooforectomia unilateral (se houver desejo de manter a fertilidade), citologia peritoneal, omentectomia infracólica, biópsias seletivas linfonodal e estruturas abdominais. Se uma histerectomia não for realizada no momento da cirurgia, dilatação e curetagem e curetagem endocervical devem ser realizadas para descartar neoplasias uterinas e endocervicais. Tumores de origem estromal (isto é, tecomas e fibromas) e tumores de células de Leydig geralmente tendem a ter um curso benigno; a cirurgia é o único tratamento. Os tumores de células de Sertoli ou de granulosa são geralmente de baixo grau. A terapia adjuvante pós-operatória com bleomicina, etoposídeo e cisplatina ou outra quimioterapia baseada em platina deve ser considerada em pacientes com doença avançada, tumores recorrentes, ou tumores de alto risco. A radioterapia pélvica também pode desempenhar um papel no tratamento desses pacientes.

Figura - Salpingooforectomia
Figura - Histeroscopia Cirúrgica

Figura - Histerectomia
Seguimento
É contínuo sendo que no retorno solicitamos, exames de imagem, marcadores e realizamos exame físico.